Biopesca


Toninha é devolvida ao mar depois de socorrida pelo Biopesca

07/02/2019

No início da tarde da última segunda-feira (4), em Peruíbe (SP), a equipe do Instituto Biopesca socorreu uma toninha viva (Pontoporia blainvillei), a única espécie de golfinho criticamente ameaçada de extinção no Brasil, segundo a Lista Oficial das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção. Depois de receber os cuidados necessários, ela voltou ao mar. Esse foi o primeiro atendimento de toninha viva realizado pelo Biopesca, com a soltura imediata do animal, em pouco mais de três anos de execução do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS).

A toninha era uma fêmea, na fase juvenil, com 90 centímetros de comprimento. O animal encalhou em praia de Peruíbe e foi encontrado por populares, que acionaram o Instituto. Ela apresentava marcas evidentes de emalhe em rede de pesca na cabeça, de acordo com a médica veterinária responsável da entidade, Vanessa Ribeiro. Essa situação indicou que, muito provavelmente, ela tenha sido vítima de afogamento ao ficar presa na rede. Quando as toninhas não conseguem ir à superfície para respirar, morrem afogadas.

“Após a chegada do Biopesca, a toninha foi colocada imediatamente em uma poça feita na beira d’água, pois estava com a frequência respiratória alta, indicando estresse”, explica Vanessa. Em seguida, a equipe do Instituto montou uma estrutura para atendimento, incluindo uma piscina, onde a toninha foi mantida inicialmente em meia água, sobre um colchão. Enquanto sua frequência respiratória era monitorada, foi umedecida com toalhas e recebeu o atendimento veterinário necessário.

Depois de aproximadamente uma hora e meia, a toninha começava a mostrar sinais de recuperação e condições para ser mantida completamente na água. Já estabilizada, foi devolvida ao mar e, após um curto período de tempo, nadou em direção às ondas. A equipe do Biopesca a avistou indo à superfície para respirar logo depois.
O monitoramento da praia foi feito a pé durante cerca de uma hora e de carro por mais 30 minutos. Esses cuidados são adotados para a possibilidade de um novo encalhe, mas isso não ocorreu.

“Tivemos muita ajuda das pessoas presentes, que entenderam a necessidade de se manterem afastadas e mostraram-se dispostas para ajudar no que fosse necessário”, comenta Vanessa. O Biopesca recomenda que, ao avistar algum animal marinho vivo ou morto na praia, a população não se aproxime e acione imediatamente a instituição pelos telefones 0800 642 3341 ou (13) 99601-2570 (chamada a cobrar ou pelo WhatsApp).
As toninhas são animais costeiros. Podem ser encontradas em até 50 metros de profundidade, mas a maioria permanece em áreas com até 30 metros. Vivem apenas na costa leste da América do Sul, entre o Espírito Santo, no Brasil, e o Golfo San Matias, na Argentina. A principal ameaça à espécie é a captura acidental pela pesca artesanal já que, ao ficar enredada, a toninha não consegue ir à superfície para respirar e morre afogada.

O Biopesca é uma das instituições executoras do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS). Desde que começou a realizar esse Projeto, há pouco mais de três anos, já recolheu 320 toninhas sem vida nas praias de Praia Grande, Mongaguá, Itanhaém e Peruíbe, trecho do litoral paulista que monitora diariamente.
O PMP-BS é uma atividade desenvolvida para o atendimento de condicionante do licenciamento ambiental federal das atividades da Petrobras de produção e escoamento de petróleo e gás natural no Polo Pré-Sal da Bacia de Santos, conduzido pelo Ibama. Esse projeto tem como objetivo avaliar os possíveis impactos das atividades de produção e escoamento de petróleo sobre as aves, tartarugas e mamíferos marinhos, através do monitoramento das praias e do atendimento veterinário aos animais vivos e necropsia dos animais encontrados mortos.

Fotos: Divulgação / Instituto Biopesca

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