07/03/2021
Exatamente duas semanas após ter feito uma desova na praia do Suarão, em Itanhaém (SP), a mesma tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea) voltou na noite da última sexta-feira (5) à outra praia do município e fez uma nova postura, desta vez na praia do Satélite. O local está a aproximadamente dois quilômetros do primeiro ponto. “É normal que essa espécie faça mais de uma desova em intervalos de 10 a 15 dias entre elas”, explica o médico veterinário Rodrigo Valle, coordenador geral do Instituto Biopesca (IBP).
A equipe do IBP foi acionada para atender a ocorrência e, quando chegou ao local, a tartaruga estava fechando o ninho. A desova durou cerca de três horas – mesmo tempo registrado no primeiro ponto – e, desde a chegada ao local, a equipe da organização fez o monitoramento para proteção do animal e do ninho, utilizando luz vermelha (que diminui o impacto da iluminação) quando necessário e orientando a população para manter silêncio e não usar flash para fazer fotos. “As pessoas presentes compreenderam e colaboraram. Também tivemos o apoio da Prefeitura de Itanhaém”.
Na ocasião da primeira postura, a equipe do IBP colocou uma anilha na tartaruga. “Esse é um tipo de brinco de metal e colabora para estudos voltados à conservação da espécie. Agora, colhemos tecido para análise genética, também importante para esse objetivo”, conta Rodrigo. Esse procedimento foi realizado somente depois da tartaruga ter fechado o ninho.
Agora, o local permanece isolado e cercado, sendo monitorado e protegido pela equipe do Instituto Biopesca, que também se reveza em ações de Educação Ambiental dirigidas aos visitantes do local.
“Reforçamos que é muito importante que a população nos acione assim que uma tartaruga marinha for avistada desovando. A chegada o quanto antes de profissionais especializados colabora para a proteção do animal e para a tranquilidade necessária à postura”, explica Rodrigo.
A tartaruga tem 1m77 de comprimento total e essa espécie deposita, em média, 100 ovos em cada ninho. A eclosão deve ocorrer entre 60 e 90 dias. Esses são os primeiros registros de desova de tartaruga-de-couro em Itanhaém realizado pelo IBP no âmbito de execução do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS).
De acordo com informações do Projeto Tamar, a área conhecida com desovas regulares dessa espécie situa-se no litoral norte do Espírito Santo. A tartaruga-de-couro vive em todos os oceanos tropicais e temperados do mundo e, no Brasil, está criticamente em perigo de extinção. Seu peso, em média, é de 500 kg, ainda de acordo com informações do Projeto Tamar.
O Instituto Biopesca é uma das instituições executoras do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), uma atividade desenvolvida para o atendimento de condicionante do licenciamento ambiental federal das atividades da Petrobras de produção e escoamento de petróleo e gás natural na Bacia de Santos, conduzido pelo Ibama.
Esse projeto tem como objetivo avaliar os possíveis impactos das atividades de produção e escoamento de petróleo sobre as aves, tartarugas e mamíferos marinhos, por meio do monitoramento das praias e do atendimento veterinário aos animais vivos e necropsia dos animais encontrados mortos. O projeto é realizado desde Laguna/SC até Saquarema/RJ, sendo dividido em 15 trechos. O Instituto Biopesca monitora o Trecho 8, compreendido entre Peruíbe e Praia Grande.
Para acionar o serviço de resgate de mamíferos, tartarugas e aves marinhas, vivos debilitados, ou mortos, entre em contato pelos telefones 0800 642 3341 (horário comercial) ou (13) 99601-2570 (WhatsApp e chamada a cobrar).
Para mais informações, acesse www.comunicabaciadesantos.com.br.