21/02/2018
A bióloga marinha Camila Brandão Seabra, do Instituto Biopesca, relatou a primeira ocorrência do parasito Corynosoma cetaceum em toninhas (Pontoporia blainvillei) no estado de São Paulo. Essa descoberta colaborará com os estudos de conservação da espécie, criticamente ameaçada de extinção de acordo com a Lista de Espécies da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção. A toninha é um pequeno golfinho, que não ultrapassa a média de 1m50 de comprimento, e ocorre em pequenas profundidades em trechos do litoral do Brasil.
A descoberta foi feita durante o desenvolvimento da dissertação para conclusão do mestrado em Ciências, na Universidade Estadual Paulista (Unesp). Os parasitos foram encontrados no estômago das toninhas, órgão estudado, e são biomarcadores, ou seja, guardam diversas informações sobre os hospedeiros.
Segundo a mestranda, esse achado servirá de ferramenta adicional para obter informações da biologia e ecologia da toninha. Dessa forma, o estudo da área de ocorrência, nicho ecológico e alimentação desse golfinho será facilitado.
Um dos resultados da pesquisa da mestranda aponta que 44,8% das 87 toninhas necropsiadas hospedavam o Corynosoma cetaceum no estômago. As necropsias ocorreram entre 2005 e 2017 e resultaram na dissertação “Helmintos Gastrointestinais de toninha, Pontoporia blainvillei (Cetartiodactyla; Pontoporiidae), do litoral de São Paulo, Brasil”.
A orientadora da dissertação, a bióloga Carolina P. Bertozzi, é fundadora do Instituto Biopesca e também professora da Unesp. Foi ela que sugeriu o tema para a orientanda, uma vez que já tinha muita afinidade com a espécie-alvo da pesquisa. Carolina é doutora em Oceanografia Biológica, com a tese “Interação com a pesca: implicações na conservação da toninha Pontoporia blainvillei (Cetacea; Pontoporiidae) no litoral do Estado de São Paulo, SP”.
Por conta disso, Camila decidiu seguir a sugestão e estudar o animal a fim de observar se este cenário havia sofrido alguma mudança. Outro fator que colaborou para a escolha do tema foi o fato da Camila trabalhar no Instituto, criado em 1998 com o objetivo de colaborar com a conservação da fauna marinha, principalmente de toninhas e tartarugas.
Texto: Kaio Nunes – Assessoria de Comunicação/Biopesca