05/05/2021
Entre janeiro e abril deste ano, o Instituto Biopesca (IBP) recolheu ou resgatou 175 animais marinhos encalhados em praias de Praia Grande, Mongaguá, Itanhaém e Peruíbe, no litoral centro-sul de São Paulo. Esse trabalho é realizado no âmbito de execução do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), executado pelo IBP nesse trecho do litoral paulista.
Desse total, 36 animais estavam vivos, mas debilitados, e foram encaminhados para tratamento na Unidade de Estabilização de Animais Marinhos do Instituto Biopesca, em Praia Grande. Houve alguns casos de retorno à natureza, a exemplo de um atobá-marrom (Sula leucogaster), resgatado em Mongaguá em fevereiro e solto em março. Ele estava debilitado, desidratado e sinais de exaustão, além de parasitas externos.
A maior parte dos animais encontrados ainda com vida pertence ao grupo das aves. Já entre os mortos, a grande maioria corresponde a tartarugas marinhas, particularmente da espécie tartaruga-verde (Chelonia mydas). Há também registros de golfinhos – 29, quase todos toninhas (Pontoporia blainvillei) – e de 28 aves.
“A maior parte dos animais já sem vida que recolhemos já estão em avançado estado de decomposição e, assim, fica muito difícil determinar a causa da morte”, explica o médico veterinário Rodrigo Valle, coordenador geral do Instituto Biopesca. De acordo com ele, amostras biológicas são recolhidas e encaminhadas para análise laboratorial a fim de tentar compreender o motivo do óbito.
“De toda forma, sabemos que impactos antrópicos – como a poluição e o lixo marinhos, além da captura pela pesca – podem causar ou colaborar com o motivo da morte”, explica. Pesquisas do Instituto Biopesca corroboram essa avaliação. Uma delas, intitulada “Ingestão de resíduos sólidos por tartarugas marinhas encalhadas no litoral centro-sul do Estado de São Paulo”, comprova que cerca de 80% das tartarugas-verdes examinadas pela instituição ingeriram algum tipo de resíduo sólido. Outro estudo, “Ingestão de resíduos sólidos por toninhas (Pontoporia blainvillei) do litoral centro-sul de São Paulo”, também indicou o achado de material plástico nos esôfagos ou estômagos dessa espécie de golfinho, que está ameaçada de desaparecer da natureza nos próximos 35 anos caso nada seja feito em favor de sua conservação.
O Instituto Biopesca é uma das instituições executoras do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), uma atividade desenvolvida para o atendimento de condicionante do licenciamento ambiental federal das atividades da Petrobras de produção e escoamento de petróleo e gás natural na Bacia de Santos, conduzido pelo Ibama.
Esse projeto tem como objetivo avaliar os possíveis impactos das atividades de produção e escoamento de petróleo sobre as aves, tartarugas e mamíferos marinhos, por meio do monitoramento das praias e do atendimento veterinário aos animais vivos e necropsia dos animais encontrados mortos. O projeto é realizado desde Laguna/SC até Saquarema/RJ, sendo dividido em 15 trechos. O Instituto Biopesca monitora o Trecho 8, compreendido entre Peruíbe e Praia Grande.
Para acionar o serviço de resgate de mamíferos, tartarugas e aves marinhas, vivos debilitados, ou mortos, entre em contato pelos telefones 0800 642 3341 (horário comercial) ou (13) 99601-2570 (WhatsApp e chamada a cobrar).
Para mais informações, acesse www.comunicabaciadesantos.com.br.