20/05/2024
Os primeiros casos no Brasil de tumores em duas espécies de aves marinhas – um atobá-marrom (Sula leucogaster) e um talhamar (Rynchops niger) – foram relatados em um artigo científico produzido por pesquisadores do Instituto Biopesca, da Universidade de São Paulo e da Universidade Estadual de Londrina. O estudo foi publicado em março no Journal of Comparative Pathology e realizado no âmbito de execução do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS).
O talhamar, uma fêmea adulta, foi encontrada já sem vida em janeiro de 2020 em Mongaguá, enquanto o atobá, um macho adulto e ainda vivo, foi resgatado em Peruíbe. Depois de dois dias em tratamento, ele não resistiu e veio a óbito. Os exames de necropsia que permitiram as conclusões do estudo foram realizados no Instituto Biopesca.
“Temos poucos relatos de tumores em aves marinhas, de forma geral. Os casos descritos referem-se, em sua maioria, a aves silvestres mantidas em cativeiro”, explica a médica veterinária Isabella Boaventura, do Instituto Biopesca e primeira autora do artigo. A necropsia das aves identificou tumores em diversos órgãos. Foram feitas investigações moleculares com o uso de três tipos de agentes virais de galinhas, uma vez que não há de aves marinhas, mas os resultados foram negativos. “No entanto, isso não significa que a causa dos tumores não seja viral. Por outro lado, ela também pode ser atribuída à contaminação ambiental ou até à idade avançada”, comenta Isabella.
Uma das conclusões do estudo evidencia a importância de realização das necropsias. “Esse exame permite que aprimoremos o conhecimento sobre a biologia das espécies e, assim, possamos colaborar com a melhor proteção das espécies”, reforça a veterinária.
O Instituto Biopesca é uma das instituições executoras do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), uma atividade desenvolvida para o atendimento de condicionante do licenciamento ambiental federal das atividades da Petrobras de produção e escoamento de petróleo e gás natural na Bacia de Santos, conduzido pelo Ibama.
Esse projeto tem como objetivo avaliar os possíveis impactos das atividades de produção e escoamento de petróleo sobre as aves, tartarugas e mamíferos marinhos, por meio do monitoramento das praias e do atendimento veterinário aos animais vivos e necropsia dos animais encontrados mortos. O projeto é realizado desde Laguna/SC até Saquarema/RJ, sendo dividido em 15 trechos. O Instituto Biopesca monitora o Trecho 8, compreendido entre Peruíbe e Praia Grande.
Para acionar o serviço de resgate de mamíferos, tartarugas e aves marinhas, vivos, mas debilitados, ou mortos, entre em contato pelo telefone 0800 642 3341 (horário comercial).
Para mais informações, acesse www.comunicabaciadesantos.com.br.