Newsletter Instituto Biopesca - Edição nº 30 - janeiro / 2022
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EDITORIAL:
Em janeiro, o Instituto Biopesca fez o primeiro registro de resgate de um trinta-réis-das-rocas (Onychoprion fuscatus) no âmbito da execução do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS) no litoral de Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro. Essa ocorrência é singular porque o trinta-réis-das-rocas é pouco avistado nas praias e, assim, se somará a um banco de dados importante em termos de monitoramento da biota aquática.
Outro registro de destaque relaciona-se ao encalhe de 35 raias mortas em praia de Peruíbe. Esse foi o terceiro em menos de um mês, já que outros foram feitos também em Peruíbe e Praia Grande, quando 61 raias, quase todas ticonha (Rhinoptera bonasus), além de filhotes neonatos de tubarões-martelo (gênero Sphyrna) e de uma raia manta (Mobula), foram encontrados também já sem vida.
Essas evidências mostram a captura acidental de espécies não alvo da pesca e, para expor a situação, o Instituto Biopesca preparou uma nota técnica, enviada aos órgãos competentes.
Boa leitura!
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Trinta-réis-das-rocas é registrado no SIMBA
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Um trinta-réis-das-rocas (Onychoprion fuscatus) foi resgatado em Mongaguá (SP) no dia 7 de janeiro pela equipe do Instituto Biopesca que executa o Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS). Essa ave ainda não havia sido registrada no âmbito de execução do PMP-BS, que abrange os municípios litorâneos dos estados de Santa Catarina, Paraná, São Paulo e do Rio de Janeiro. Todos os dados coletados durante o monitoramento são registrados no Sistema de Informação de Monitoramento da Biota Aquática (SIMBA), que pode ser acessado pelo público por meio do endereço simba.petrobras.com.br.
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“Essa é uma espécie extremamente oceânica e raramente é avistada na costa”, explica o biólogo Juarez Cabral, do Instituto Biopesca. Ele está presente em todos os oceanos e, no Brasil, ocorre em Fernando de Noronha, no atol das Rocas, Trindade, Ilha de Martim Vaz e em Abrolhos. Uma de suas características físicas é o padrão branco e preto contrastante, como é possível ver na foto.
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Captura de raias em praias de São Paulo
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Em novembro de 2021, o caso de uma criança que esbarrou em uma raia no mar de Ilha Comprida, litoral sul de SP causou alerta porque a ocorrência foi confundida com um ataque de tubarão. Esse mal-entendido tem acontecido com alguma frequência e causado agitação em banhistas que, neste verão, lotam as praias e fazem filmagens para postagens em mídias sociais, acusando, de forma desavisada, a presença de tubarões na água.
O Instituto Biopesca recebeu algumas dessas filmagens e constatou que, de fato, se tratavam de raias e não de tubarões. “A ocorrência de raias, em particular das ticonhas (Rhinoptera bonasus), mais próximas da praia é completamente natural nesta época do ano”, esclarece o biólogo e especialista em raias e tubarões Otto Bismarck Fazzano Gadig, professor doutor da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita (Unesp) e parceiro do Instituto Biopesca.
De acordo com ele, essa espécie é costeira e vive dentro da plataforma continental. No verão, ela se aproxima da praia em grandes cardumes para completar seu ciclo reprodutivo, uma vez que as águas estão mais quentes, o que favorece a aceleração do metabolismo para reprodução, entre outros fatores.
Como estão mais perto das praias, as raias são capturadas de forma acidental pela pesca de arrasto de praia, autorizadas por Lei desde que executada de acordo com regras, a exemplo da soltura de espécies que não são alvo da pescaria. “Várias vezes, eu já auxiliei a soltura de grandes quantidades de raias capturadas dessa forma. O pescador autorizado não tem a intenção de capturá-las e nem interesse nisso”, observa Otto.
Em dezembro, o Instituto Biopesca registrou o encalhe de mais de 61 raias já mortas encalhadas em Praia Grande e Peruíbe. Os animais, em sua grande maioria ticonhas (Rhinoptera bonasus) apresentavam marcas de rede, indicando terem sido capturadas pela pesca. No caso de Peruíbe, particularmente, as raias – 55, no total - foram ocultadas em trecho de vegetação, em área de restinga, junto com três tubarões-martelo neonatos (gênero Sphyrna) e uma raia manta (Mobula).
“Infelizmente, essas ocorrências estão relacionadas às atividades de pessoas mal-intencionadas”, comenta o médico veterinário Rodrigo Valle, do Instituto Biopesca, reforçando a opinião do biólogo Otto Gadig. “Elas têm alto impacto social e podem comprometer a atuação de pescadores que agem dentro da lei”, diz.
Uma terceira ocorrência foi registrada em 5 de janeiro, quando o Instituto Biopesca recolheu 35 raias já sem vida encalhadas na praia do Cibratel, em Itanhaém (SP, na foto). Apenas uma era da espécie raia-lixa (Dasiatys guttata) e todas as outras, ticonha. As carcaças foram recolhidas para análise necroscópica e as avaliações iniciais indicaram marcas de rede em algumas delas.
O Instituto Biopesca elaborou uma nota técnica a respeito do caso de Peruíbe e encaminhou às autoridades competentes a fim de colaborar com maiores esforços de fiscalização das atividades pesqueiras.
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2022 começa com novos episódios no canal do Youtube
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O primeiro episódio de 2022 do quadro “Histórias de Família” do canal no Youtube do Instituto Biopesca já está no ar. Com o tema “Quando a arte imita o oceano”, o vídeo apresenta personagens de desenhos animados inspirados em seres marinhos reais e explica suas diferenças.
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O Instituto Biopesca é uma das instituições executoras do PMP-BS, uma atividade desenvolvida para o atendimento de condicionante do licenciamento ambiental federal das atividades da Petrobras de produção e escoamento de petróleo e gás natural na Bacia de Santos, conduzido pelo Ibama.
Esse projeto tem como objetivo avaliar os possíveis impactos das atividades de produção e escoamento de petróleo sobre as aves, tartarugas e mamíferos marinhos, por meio do monitoramento das praias e do atendimento veterinário aos animais vivos e necropsia dos animais encontrados mortos. O projeto é realizado desde Laguna/SC até Saquarema/RJ, sendo dividido em 15 trechos. O Instituto Biopesca monitora o Trecho 8, compreendido entre Peruíbe e Praia Grande.
Para acionar o serviço de resgate de mamíferos, tartarugas e aves marinhas, vivos debilitados ou mortos, entre em contato pelos telefones 0800 642 3341 (horário comercial) ou (13) 99601-2570 (WhatsApp e chamada a cobrar).
Para mais informações, acesse www.comunicabaciadesantos.com.br.
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O Instituto Biopesca é uma associação sem fins lucrativos fundada em 1998 no município de Praia Grande, litoral de São Paulo. A entidade tem como missão promover a conservação de espécies marinhas ameaçadas de extinção, a partir de pesquisas, apoio a atividades acadêmicas e ações de educação ambiental.
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Expediente:
A newsletter é produzida pelo setor de Comunicação do Instituto Biopesca.
Textos e Edição: Maria Carolina Ramos – MtB 23.883. Imagens: Instituto Biopesca.
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