Newsletter Instituto Biopesca - Edição 22 - maio / 2021

EDITORIAL: A última semana de maio teve um registro triste dos ninhos da tartaruga-de-couro em Itanhaém (SP). Embora a equipe do Instituto Biopesca soubesse que as chances de nascimento fossem pequenas, a notícia de que nenhum dos ovos dos três ninhos estava fecundado foi, de alguma forma, desapontadora. Afinal, trabalhamos com conservação e seria mesmo um privilégio termos a oportunidade de colaborar com a proteção dessa espécie de tartaruga e com, ao menos, o nascimento de alguns filhotes, principalmente diante do fato dessa espécie estar em extinção. De toda forma, ficamos honrados e orgulhosos pelo trabalho realizado pela equipe, que se desdobrou para realizá-lo da melhor maneira possível e na expectativa para seu retorno no próximo ano. 

Por outro lado, tivemos a boa notícia de soltura imediata de uma anta, que recebeu cuidados do Instituto Biopesca depois de se refugiar em uma residência ao ser afastada de uma rodovia com grande movimento de carros. 

Boa leitura!

Ovos dos ninhos de tartaruga-de-couro
não estavam fecundados

Os ovos dos três ninhos de tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea) localizados em praias de Itanhaém (SP) não estavam fecundados, ou seja, não continham embriões. A constatação foi possível depois que o material foi recolhido em decorrência de dois ninhos terem sido impactados pela água e de uma intervenção por parte da equipe do Instituto Biopesca (IBP).

No dia 8 de maio, o primeiro ninho, na praia do Suarão, teve grande parte da areia que o recobria removida por uma forte ressaca, que deslocou os ovos. Antes que fossem levados pela água, a equipe do Instituto Biopesca os recolheu. Fenômeno semelhante aconteceu no terceiro ninho na noite de 25 de maio, quando a maré o invadiu, derrubando a estrutura de proteção do seu entorno – a cerca, dois postes e duas placas – e retirando a areia. Mais uma vez, os profissionais do IBP tiveram que recolher os ovos antes que fossem levados pela água. Nos dois ninhos, 199 ovos foram recolhidos. Nenhum estava fecundado.

Já no segundo ninho, localizado na praia do Satélite, ocorreu uma intervenção na manhã do dia 25 de maio, 80° dia após a desova.  O IBP decidiu abri-lo e conferir o estado dos ovos diante da ocorrência de forte ressaca no primeiro ninho e também porque a condições ambientais estavam desfavoráveis, com a queda de temperatura e resfriamento da areia, cujo calor é fundamental para o desenvolvimento dos ovos.  A intervenção foi realizada de forma técnica, com todos os cuidados, e não causaria impacto na eventualidade dos ovos estarem fecundados. De acordo com estudos, o nascimento dos filhotes pode ocorrer, em média, entre 60 e 90 dias após a data da postura. Um total de 121 ovos foi coletado e também não estavam fecundados.

Anta recebe cuidados e volta para ambiente natural

Uma anta (Tapirus terrestres) voltou ao seu ambiente natural depois de ter recebido cuidados veterinários do Instituto Biopesca (IBP). O animal foi atendido pela equipe no quintal de uma residência no Jardim Alice, bairro situado na divisa de Praia Grande com Mongaguá (SP). Tratava-se de uma fêmea jovem, com peso estimado em 200 quilos, que se refugiou na casa depois da tentativa de algumas pessoas em impedirem-na de atravessar a rodovia Padre Manoel da Nóbrega e, assim, correr o risco de ser atropelada. 

“Ela apresentava bom estado clínico, embora estivesse muito estressada e com algumas escoriações”, conta a médica veterinária do Instituto Biopesca, Vanessa Ribeiro. “Administramos um spray cicatrizante nas feridas antes de conduzi-la para dentro da caixa de transporte a fim de translocá-la de volta ao seu ambiente”, explica.

O Instituto Biopesca foi acionado pelo biólogo Daniel Bortone, do Parque Ecológico “A Tribuna”, em Mongaguá, para colaborar com essa operação conjunta do Corpo de Bombeiros, Polícia Militar Ambiental, Grupamento Ambiental da Guarda Civil Municipal de Praia Grande, Secretaria de Turismo de Mongaguá e Fundação Florestal. O Instituto Biopesca foi responsável pela captura, manejo e cuidados da anta. A soltura foi realizada em parceria por todas essas instituições. A ação, que ocorreu no dia 19 de abril, teve o apoio da Aiuká Consultoria em Soluções Ambientais, que cedeu a caixa de transporte para a anta ser translocada até o núcleo Curucutu do Parque Estadual da Serra do Mar, onde foi solta.

Concurso premiará melhores charges
de tartaruga-de-couro

O Instituto Biopesca e o Centro de Educação Ambiental de Itanhaém, da Prefeitura Municipal de Itanhaém, estão promovendo um concurso para premiar as melhores charges de tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea). O prazo para envio dos trabalhos termina hoje, dia 31 de maio, e o resultado será divulgado no dia da Tartaruga Marinha, em 16 de junho. O regulamento pode ser conferido aqui:

tinyurl.com/2w5bjwdy

O concurso integra uma sequência de ações conjuntas com a Prefeitura de Itanhaém. Entre elas, esteve a realização de aulas on-line para aproximadamente 600 estudantes e professores da rede pública de ensino fundamental de Itanhaém. As atividades com os professores tiveram como objetivo discutir práticas e ideias de educação ambiental e ensino de Ciências, além de apresentar a biologia e a ecologia da tartaruga-de-couro. Já a aula para as crianças também abordou informações sobre a tartaruga-de-couro, mas de forma lúdica. Também fez parte dessas ações a realização de uma live aberta, em 19 de maio deste ano. 

Financiamento coletivo para segurança dos
ninhos de tartaruga-de-couro

O Instituto Biopesca está com um financiamento coletivo para angariar recursos para a proteção aos ninhos de tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea) em praias de Itanhaém (SP). A primeira desova ocorreu no dia 19 de fevereiro e as demais nos dias 5 e 17 de março. Embora a segurança dos ninhos não seja mais necessária em função da remoção dos ovos, esse serviço representou um custo alto, passando pouco mais de R$ 84 mil.
 

Mais informações sobre o financiamento coletivo estão disponíveis em
www.catarse.me/ninhostartarugadecouro

 

O Instituto Biopesca é uma das instituições executoras do PMP-BS, uma atividade desenvolvida para o atendimento de condicionante do licenciamento ambiental federal das atividades da Petrobras de produção e escoamento de petróleo e gás natural na Bacia de Santos, conduzido pelo Ibama.

Esse projeto tem como objetivo avaliar os possíveis impactos das atividades de produção e escoamento de petróleo sobre as aves, tartarugas e mamíferos marinhos, por meio do monitoramento das praias e do atendimento veterinário aos animais vivos e necropsia dos animais encontrados mortos. O projeto é realizado desde Laguna/SC até Saquarema/RJ, sendo dividido em 15 trechos. O Instituto Biopesca monitora o Trecho 8, compreendido entre Peruíbe e Praia Grande.

Para acionar o serviço de resgate de mamíferos, tartarugas e aves marinhas, vivos debilitados ou mortos, entre em contato pelos telefones 0800 642 3341 (horário comercial) ou (13) 99601-2570 (WhatsApp e chamada a cobrar).

Para mais informações, acesse www.comunicabaciadesantos.com.br.

Expediente:

A newsletter é produzida pelo setor de Comunicação do Instituto Biopesca.
Textos e Edição: Maria Carolina Ramos – MtB 23.883. Imagens: Instituto Biopesca.