Newsletter Instituto Biopesca - Edição 19 - fevereiro / 2021
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EDITORIAL: Um dos resultados do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), executado pelo Instituto Biopesca (IBP) e outras instituições, é a constatação dos impactos antrópicos nos animais marinhos. Quase sempre, aqueles que chegam já sem vida à Unidade de Estabilização da entidade apresentam resíduos como plásticos e outros materiais em seu trato digestório. Entre os que ingressam vivos para cuidados, há casos de interação com petrechos de pesca e linhas de pipa. Esse último problema é exemplificado pela fragata (Fregata magnificiens), uma fêmea adulta, estabilizada neste mês pelo IBP.
Por outro lado, o PMP-BS também tem histórias gratificantes para contar, como o acionamento avisando da desova de uma tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea) na praia do Suarão, em Itanhaém (SP), na noite do dia 19 deste mês. Houve também a soltura de um atobá (Sula leucogaster) que recebeu os primeiros cuidados na Unidade de Estabilização de Animais Marinhos do IBP e foi reabilitado no Centro de Reabilitação e Despetrolização de Animais Marinhos do Instituto Gremar, no Guarujá. Ambas as instituições integram a rede de atendimento veterinário do PMP-BS.
Essas histórias são retratadas na edição deste mês do informativo eletrônico “Em Dia com o Biopesca”, bem como a de uma canadense que retratou toninhas (Pontoporia blainvillei) em um desafio de artistas depois de aceitar a sugestão do Instituto Biopesca para pintá-las em um quadro. A iniciativa fez parte de esforço para colaborar com a maior divulgação dessa espécie de golfinho, o mais ameaçado de extinção do Brasil. Desde que foi criado, há 23 anos, o Biopesca vem se dedicando ao estudo da toninha a fim de colaborar com sua conservação.
Boa leitura!
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Imagens: Luciano Netto / Secretaria de Imprensa da Prefeitura de Itanhaém
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Tartaruga-de-couro desova em praia de Itanhaém
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Na noite do dia 19 deste mês, a desova de uma tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea) foi acompanhada pela equipe do Instituto Biopesca (IBP) na praia do Suarão, em Itanhaém (SP). A equipe foi acionada e, ao chegar ao local, constatou que o animal já estava fechando o ninho. Depois de três horas na praia, a tartaruga voltou ao mar. O ninho foi vistoriado para confirmar a postura e, desde então, os profissionais da organização estão monitorando e protegendo o local com o apoio da Guarda Civil Municipal de Itanhaém.
“A tartaruga tem 1m77 de comprimento total e foi anilhada antes de retornar ao mar, procedimento importante que consiste na colocação de um tipo de brinco de metal e colabora para estudos voltados à conservação da espécie", explica Vanessa Ribeiro, médica veterinária do Instituto Biopesca.
De acordo com informações do Projeto Tamar, no Brasil, a área conhecida com desovas regulares dessa espécie situa-se no litoral norte do Espírito Santo. Esse é o primeiro registro de desova de tartaruga-de-couro em Itanhaém, e foi registrado no âmbito do no Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS) pelo IBP.
A postura pode chegar a mais de 100 ovos, que devem eclodir em aproximadamente 60 dias. No entanto, a eclosão está condicionada à soma de fatores como temperatura e umidade da areia e, em Itanhaém, eles não são muito favoráveis. A equipe do IBP vem monitorando periodicamente essas condições a fim de fazer o acompanhamento. “Há ainda outros fatores que interferem no nascimento das tartarugas, como a compactação da areia”, explica Vanessa Ribeiro, veterinária do Instituto Biopesca.
O ninho está isolado e cercado para que sua integridade seja mantida. Além disso, é vigiado durante 24 horas a fim de evitar predações. A operação conta com o apoio da Prefeitura Municipal de Itanhaém. “Continuaremos o monitoramento e faremos um trabalho de educação ambiental com os visitantes do local, sensibilizando-os para a importância da conservação ambiental marinha”, afirma Rodrigo.
A tartaruga-de-couro vive em todos os oceanos tropicais e temperados do mundo e, no Brasil, está criticamente em perigo de extinção. Seu peso, em média, é de 400 kg, ainda de acordo com informações do Projeto Tamar.
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Linha de pipa corta asa de fragata
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Uma fragata (Fregata magnificiens) ingressou neste mês para tratamento na Unidade de Estabilização de Animais Marinhos do Instituto Biopesca, em Praia Grande (SP) com a asa direita cortada por uma linha de pipa. A ave, uma fêmea adulta, foi resgatada em Mongaguá (SP) depois da equipe da instituição ter sido acionada por um popular. Após receber todos os cuidados, ela foi encaminhada para o Centro de Reabilitação e Despetrolização de Animais Marinhos do Instituto Gremar, no Guarujá (SP), para passar por uma tenorrafia, uma cirurgia reparativa dos tendões que foram cortados. Muito provavelmente, a linha de pipa que cortou a asa da ave tinha cerol, que aumenta o poder de corte do material.
Esse caso ilustra um problema que ocorre também em outros estados. Por exemplo, uma notícia veiculada no portal G1 em setembro de 2020 denunciava o aumento do número de casos de fragatas atendidas no Centro de Reabilitação de Animais Silvestres da Universidade Estácio de Sá, no Rio de Janeiro. Em seis meses, a instituição encontrou 113 fragatas lesionadas no entorno da Baía do Guanabara. No mesmo período de 2019, foram 15. A reportagem completa está disponível neste link.
Assim como no Rio de Janeiro, em São Paulo o uso do cerol em linhas de pipas é proibido (Projeto de Lei 765/2016).
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Toninha inspira canadense em desafio de artistas
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A toninha (Pontoporia blainvillei) inspirou a artista canadense Sarah Dier-McComb a retratá-la em um quadro como parte de um desafio de uma escola de artes, a Artist Academy. Essa iniciativa incentivou os artistas a pintarem um quadro por dia durante janeiro e Sarah elegeu os cetáceos como tema de suas obras. A toninha foi retratada no 25° dia do desafio.
A sugestão para pintar essa espécie de golfinho partiu de Marina Okida e Vanessa Ribeiro, do Instituto Biopesca (IBP), por meio de contatos no Instagram. Sarah se inspirou em fotos enviadas pela equipe, em particular de uma mãe e de seu filhote que tinham sido capturados acidentalmente por uma rede de pesca.
O resultado pode ser conferido neste informativo. Ela pretende colocar a obra à venda e doar 15% do valor ao IBP a fim de colaborar com a conservação da toninha, um dos menores golfinhos do mundo e o mais ameaçado de extinção do Brasil. Desde que foi criado, há 23 anos, o Biopesca vem se dedicando ao estudo da toninha a fim de colaborar com sua conservação.
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Foto: Reprodução/Facebook
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Solturas de animais marinhos estabilizados no IBP
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Alguns animais marinhos resgatados no âmbito do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos voltam reabilitados ao seu ambiente, recompensando todo o esforço da equipe para a sua plena recuperação. Em fevereiro, houve um desses casos, o de um atobá juvenil (Sula leucogaster), resgatado em novembro do ano passado pela equipe do Instituto Biopesca que executa o PMP-SP. O resgate ocorreu em Mongaguá, litoral sul de São Paulo, e a ave foi encaminhada para a Unidade de Estabilização de Animais Marinhos do IBP em Praia Grande (SP), onde recebeu o tratamento adequado durante oito dias. Depois de estabilizado, o atobá seguiu para o Centro de Reabilitação e Despetrolização de Animais Marinhos do Instituto Gremar no Guarujá (SP) para finalizar a reabilitação. Sua soltura ocorreu em 4 de fevereiro, na Praia do Tombo, no mesmo município.
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O Instituto Biopesca é uma das instituições executoras do PMP-BS, uma atividade desenvolvida para o atendimento de condicionante do licenciamento ambiental federal das atividades da Petrobras de produção e escoamento de petróleo e gás natural na Bacia de Santos, conduzido pelo Ibama.
Esse projeto tem como objetivo avaliar os possíveis impactos das atividades de produção e escoamento de petróleo sobre as aves, tartarugas e mamíferos marinhos, por meio do monitoramento das praias e do atendimento veterinário aos animais vivos e necropsia dos animais encontrados mortos. O projeto é realizado desde Laguna/SC até Saquarema/RJ, sendo dividido em 15 trechos. O Instituto Biopesca monitora o Trecho 8, compreendido entre Peruíbe e Praia Grande.
Para acionar o serviço de resgate de mamíferos, tartarugas e aves marinhas, vivos debilitados ou mortos, entre em contato pelos telefones 0800 642 3341 (horário comercial) ou (13) 99601-2570 (WhatsApp e chamada a cobrar).
Para mais informações, acesse www.comunicabaciadesantos.com.br.
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O Instituto Biopesca é uma associação sem fins lucrativos fundada em 1998 no município de Praia Grande, litoral de São Paulo. A entidade tem como missão promover a conservação de espécies marinhas ameaçadas de extinção, a partir de pesquisas, apoio a atividades acadêmicas e ações de educação ambiental.
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Expediente:
A newsletter é produzida pelo setor de Comunicação do Instituto Biopesca.
Textos e Edição: Maria Carolina Ramos – MtB 23.883. Imagens: Instituto Biopesca.
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