Newsletter Instituto Biopesca - Edição 15 - outubro / 2020
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EDITORIAL: Outubro foi o mês de celebração da toninha (Pontoporia blainvillei), o golfinho mais ameaçado do Brasil e que ganha data especial no calendário para ser melhor conhecida. Essa iniciativa quer sensibilizar para a importância da sua conservação, já que a espécie corre o risco de desaparecer da natureza nas próximas décadas.
O Instituto Biopesca nasceu com o propósito de estudar a toninha, tão particular pelas suas características únicas, como a timidez e o pequeno tamanho, e colaborou com a iniciativa de divulgação ao desenvolver, nesse mês, campanhas de comunicação e de educação ambiental, além de participação em evento on-line.
Você confere essas informações nesta edição do “Em dia com o Biopesca”, que também destaca reportagem publicada pelo G1 a respeito do achado de lixo em animais marinhos necropsiados pela equipe do IB, assunto que merece sempre estar em evidência a fim de colaborar com a reflexão do consumo e descarte de resíduos por parte da população.
As atividades realizadas no âmbito da participação do Programa Itaú Social UNICEF continuam e uma delas, a produção de um breve vídeo institucional, pode ser conferida no canal do IB no Youtube. Mais informações sobre essa iniciativa também estão nesta edição.
Boa leitura.
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Lixo em animais marinhos é destaque na mídia
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Os casos de achado de resíduos sólidos no trato digestório de animais marinhos são sempre noticiados nas mídias sociais do Instituto Biopesca. Esses registros são recorrentes e passam também a ganhar espaço em veículos de imprensa, a exemplo da reportagem publicada pelo portal G1 – Santos e Região, que destacou dados da organização, incluindo imagens dos animais encontrados já sem vida e que, depois de passarem pelo exame de necropsia, tiveram vários tipos de resíduos achados em seus órgãos.
“Essa categoria de notícia, embora triste, colabora para a maior sensibilização e reflexão para o que consumimos e de que forma descartamos nossos resíduos”, comenta o médico veterinário Rodrigo Valle, coordenador geral do Instituto Biopesca.
Entre janeiro e agosto de 2020, o Instituto Biopesca realizou aproximadamente 230 necropsias de animais marinhos encalhados em praias localizadas entre Praia Grande e Peruíbe, trecho do litoral paulista percorrido diariamente para execução do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS).
Desse total, quase 80 apresentavam interação com resíduos (presença de lixo no trato gastrointestinal ou preso de alguma forma ao corpo do animal). Desses, mais de 30 ingressaram vivos debilitados, na maioria muito magros, mas vieram a óbito. A maior parte dos animais mortos eram aves ou tartarugas marinhas.
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Biopesca participa de Programa Social Itaú UNICEF
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O Instituto Biopesca está participando do Programa Itaú Social UNICEF para ampliar suas ações de educação ambiental e socioambientais. No momento, as atividades que vêm sendo realizadas integram a Segunda Estação do percurso formativo do Programa, com o nome "Olhar para fora".
O objetivo desta etapa é expandir as percepções da organização para o trabalho desenvolvido em dois aspectos: o jeito como funciona e as características do território em que atua.
Esse percurso formativo on-line propõe ações reflexivas e práticas pelas organizações da sociedade civil (OSCs) que participam da iniciativa com o intuito de promover o aprimoramento da educação integral e inclusiva de crianças e adolescentes e a inclusão da diversidade. Já o objetivo do Programa Itaú Social UNICEF é realizar formação e fomento financeiro das OSCs que promovem educação integral e inclusiva de crianças e adolescentes para o aprimoramento de suas práticas e o alcance de resultados de qualidade.
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Até o final de outubro, as mídias sociais do Instituto Biopesca publicaram uma série de posts ilustrados a respeito das características da toninha (Pontoporia blainvillei), o golfinho mais ameaçado do Brasil e que, neste mês, ganha data especial no dia 1º. Além dessa campanha, a equipe de Educação Ambiental da organização produziu o primeiro episódio do quadro “Histórias de Família”, intitulado “Quem é a toninha?”, que aborda a origem e a evolução das baleias e golfinhos. O vídeo pode ser conferido no canal do IB no Youtube.
Mais uma iniciativa para celebrar o dia 1º de outubro foi o evento on-line “Conhecendo o golfinho mais ameaçado do Brasil”, que reuniu especialistas de todo o Brasil para apresentar as características e informações atuais a respeito do status de conservação da toninha, bem como as iniciativas para conservá-la. O Instituto Biopesca foi representado pela sua fundadora e professora da Unesp, a bióloga Carolina Pacheco Bertozzi.
Em sua palestra, Bertozzi enfatizou o crescente aumento populacional e a decorrente impossibilidade de interromper a produção agrícola e pesqueira – que impactam as espécies animais e seus habitats, levando algumas à extinção. “Nós, como pesquisadores, temos o papel de descobrir maneiras de equacionar a manutenção da biodiversidade diante dessa realidade. Afinal, já sabemos que, em 2050, seremos 10 bilhões de humanos no planeta. Como resolver, então, a questão de alimento sem impactar as espécies animais e onde vivem?”.
Nesse sentido, alguns experimentos já vêm sendo realizados, pelo menos na área de produção pesqueira, como evidenciou a pesquisadora. “Testes com redes de pesca alternativas e também com a colocação de alarmes acústicos nesses petrechos estão sendo realizados”, contou. Essas iniciativas tentam impedir que espécies que não são o alvo da pescaria, como as toninhas, não sejam acidentalmente capturadas.
Até que resultados eficazes sejam obtidos, Bertozzi faz algumas sugestões que o cidadão comum, enquanto consumidor, pode adotar. “O ideal é consumirmos peixes que não estejam sobreexplotados, ou seja, alvo de uma exploração excessiva e não sustentável”. Para tanto, indica guias de consumo sustentável facilmente acessados na Internet. Um deles é “Guia de Consumo Responsável de Pescador Brasil”, da WWF, e o “Do mar à mesa – Guia de Consumo Consciente de Pescador da Costa do Descobrimento”, do Projeto Coral Vivo.
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Lobo-marinho recebe primeiros socorros
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A equipe do Instituto Biopesca que executa o Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS) prestou os primeiros socorros médicos-veterinários a um lobo-marinho-sul-americano (Arctocephalus australis) que encalhou em praia de Mongaguá, bem próxima da divisa com Praia Grande, no litoral central de São Paulo.
A equipe de monitoramento constatou que o animal parecia estar em boas condições clínicas. Ele havia voltado para o mar, assustado com a presença de banhistas, mas retornou para a areia logo depois. O local em que ele estava foi demarcado com faixas a fim de evitar a proximidade dos banhistas e a equipe do Biopesca manteve-se de prontidão, observando o animal e zelando pela sua segurança e das pessoas.
Esta espécie ocorre na costa brasileira principalmente de junho a outubro, quando migra de ilhas oceânicas localizadas em mares gelados do hemisfério sul em busca de alimentação em águas mais quentes.
Muitas vezes, os lobos-marinhos param nas praias apenas para descansar da longa viagem e, depois de recuperados, voltam para o mar a fim de continuar seu percurso. Em outras ocasiões, estão machucados e precisam ser levados para cuidados em instituições especializadas.
Na praia, a orientação da entidade é que as pessoas não se aproximem dos lobos-marinhos para que eles possam descansar sem serem incomodados. Caso eles se sintam importunados e voltem ao mar antes de recuperar as energias, a sua chance de sobrevivência diminui.
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Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS)
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O Instituto Biopesca é uma das instituições executoras do PMP-BS, uma atividade desenvolvida para o atendimento de condicionante do licenciamento ambiental federal das atividades da Petrobras de produção e escoamento de petróleo e gás natural na Bacia de Santos, conduzido pelo Ibama.
Esse projeto tem como objetivo avaliar os possíveis impactos das atividades de produção e escoamento de petróleo sobre as aves, tartarugas e mamíferos marinhos, por meio do monitoramento das praias e do atendimento veterinário aos animais vivos e necropsia dos animais encontrados mortos. O projeto é realizado desde Laguna/SC até Saquarema/RJ, sendo dividido em 15 trechos. O Instituto Biopesca monitora o Trecho 8, compreendido entre Peruíbe e Praia Grande.
Para acionar o serviço de resgate de mamíferos, tartarugas e aves marinhas, vivos debilitados ou mortos, entre em contato pelos telefones 0800 642 3341 (horário comercial) ou (13) 99601-2570 (WhatsApp e chamada a cobrar).
Para mais informações, acesse www.comunicabaciadesantos.com.br.
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O Instituto Biopesca é uma associação sem fins lucrativos fundada em 1998 no município de Praia Grande, litoral de São Paulo. A entidade tem como missão promover a conservação de espécies marinhas ameaçadas de extinção, a partir de pesquisas, apoio a atividades acadêmicas e ações de educação ambiental.
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Expediente:
A newsletter é produzida pelo setor de Comunicação do Instituto Biopesca.
Textos e Edição: Maria Carolina Ramos – MtB 23.883. Imagens: Instituto Biopesca.
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