Newsletter Instituto Biopesca - Edição 13 - agosto / 2020
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EDITORIAL: Os últimos cinco anos marcam um período importante na trajetória de duas décadas de existência do Instituto Biopesca. Desde agosto de 2015, a instituição é uma das executoras do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), que abrange cidades litorâneas dos estados de Santa Catarina, do Paraná, de São Paulo e do Rio de Janeiro. São mais de 1,5 mil quilômetros monitorados diariamente por 13 instituições e parte desse total - correspondente ao trecho do litoral compreendido entre Praia Grande e Peruíbe – é percorrido pela equipe do Biopesca.
O objetivo do PMP-BS é avaliar os possíveis impactos das atividades de produção e escoamento de petróleo sobre as aves, tartarugas e mamíferos marinhos, por meio do monitoramento das praias e do atendimento veterinário aos animais vivos e necropsia dos animais encontrados mortos. De agosto de 2015 a agosto de 2020, o Biopesca foi responsável pelo resgate ou recolhimento de quase seis mil animais, alguns deles ainda vivos, mas debilitados, e levados para cuidados na Unidade de Estabilização da entidade, que integra a rede de atendimento veterinário do PMP-BS.
A edição deste mês do “Em dia com o Biopesca” é dedicada ao registro da execução deste trabalho, que extrapola seu objetivo ao permitir a melhor compreensão da dinâmica de encalhe de animais marinhos nas praias monitoradas e, consequentemente, com a maior aquisição de conhecimento a respeito deles. Dessa forma, é possível que entidades de pesquisa e conservação, a exemplo do Biopesca e de outras executoras do PMP-BS, possam colaborar com a proteção das espécies encontradas e que, caso não fossem contempladas por esse trabalho, teriam outro destino.
Boa leitura.
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Lobo-marinho-sul-americano é resgatado e solto
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Um dos momentos marcantes de execução do PMP-BS é recente e ocorreu neste mês, quando os cinco anos da iniciativa são comemorados. No dia 11, um lobo-marinho-sul-americano (Arctocephalus australis) foi translocado e solto em seu ambiente. A operação foi realizada em parceria com o Instituto de Pesquisa de Cananéia (IPeC) que, assim como o Biopesca, executa o Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS).
A soltura ocorreu na praia da Enseada, na Ilha do Cardoso, em Cananéia (SP). O lobo-marinho, um macho bem jovem, foi resgatado na praia Ocian, em Praia Grande (SP). “Muito provavelmente, o animal chegou até a praia porque estava cansado em função da longa viagem migratória”, explica o médico veterinário Rodrigo Valle, coordenador geral do Biopesca.
Na ocasião do resgate, o lobo-marinho estava em local movimentado, com presença de pessoas, e sendo importunado por cães. “Por estes motivos, optou-se pela translocação, que significa o transporte para outro local”, explica Rodrigo. A praia da Enseada, além de ser isolada da presença humana, é localizada mais ao sul de São Paulo, perto da divisa do Paraná, ponto ideal na rota dessa espécie quando o período migratório chega ao fim.
Os lobos-marinhos ocorrem na costa brasileira principalmente de junho a outubro, quando migram de ilhas oceânicas em mares mais frios ou gelados em busca de alimento em águas mais quentes.
Depois do resgate, o lobo-marinho passou por avaliação veterinária para atestar suas boas condições clínicas antes de ser translocado. Depois da confirmação do seu bom estado de saúde, o animal foi liberado para soltura e levado até Cananéia (veja o vídeo).
Um microchip subcutâneo foi colocado no lobo-marinho para que possa ser identificado caso seja encontrado novamente, procedimento importante porque colabora com dados para preservar a espécie. A operação de translocação e soltura adotou todos os procedimentos de prevenção à covid-19, incluindo o uso de equipamentos de proteção individual (EPIs), a exemplo de luvas e máscaras.
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PMP-BS colabora com produção científica
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O trabalho realizado no âmbito do PMP-BS pelo Instituto Biopesca também contribui com a produção de pesquisas voltadas à conservação de espécies animais. Exemplo foram as apresentadas em eventos científicos. Um deles foi o 4º Congresso Latino-Americano de Reabilitação de Fauna Marinha, realizado em Florianópolis (SC) em setembro de 2018 com o tema "A poluição marinha em debate". Os trabalhos do Biopesca mostraram dados a respeito da ingestão de resíduos sólidos por aves aquáticas, tartarugas marinhas e toninhas, espécie pequena de golfinho ameaçada de extinção, Os dados foram coletados a partir de necropsias realizadas em animais recolhidos durante a execução do PMP-BS.
Outro evento, ocorrido em julho de 2019, foi o 5º Congresso Brasileiro de Patologia Veterinária, que contou com três trabalhos do Biopesca relacionados a animais marinhos atendidos pela organização depois de resgatados durante o monitoramento de praias. Foram apresentados os casos de um atobá-pardo (Sula leucogaster) com suspeita de trauma e de um bobo-pequeno (Puffinus puffinus) com infecção por renicola (parasita), além das principais alterações patológicas em atobás-pardo no litoral Centro-Sul de São Paulo.
Mais recentemente, em dezembro de 2019, foram apresentados dados de pesquisas no World Marine Mammal Science Conference, em Barcelona, como o relato de infecção por Morbilivírus em um boto cinza (Sotalia guianensis) e a dosagem de hormônios sexuais em gordura de toninhas (Pontoporia blainvillei).
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Educação ambiental integra ações
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Um dos compromissos assumidos pelas instituições executoras do PMP-BS é levar conhecimento ao público em geral por meio de ações de educação ambiental. O Instituto Biopesca, no decorrer desses últimos cinco anos, participou de centenas dessas atividades, que tiveram a presença de milhares de pessoas e foram realizadas não só em Praia Grande, Itanhaém, Mongaguá e Peruíbe, municípios do litoral paulista cujas praias são monitoradas diariamente pela organização, mas também em outras cidades.
Uma delas foi Santos (SP). Entre os dias 19 de junho e 30 de julho de 2018, o Biopesca esteve presente com uma exposição de banners informativos e material biológico – como cascos de tartarugas e crânio de toninha – no Aquário Municipal. Quase 73,5 mil visitantes estiveram no local naquele período.
Outros exemplos são de eventos realizados nos municípios monitorados pela organização, como o evento comemorativo ao 50º aniversário de Praia Grande e a “1ª Feira do Meio Ambiente” em Itanhaém. Em ambos, o Biopesca montou sua exposição itinerante com a presença de monitores.
Vale destacar também a participação do Instituto em eventos da Petrobras. Um deles foi o Fórum Ambiental da Bacia de Santos "Reflexões sobre o lixo no mar", realizado em junho de 2019. O evento teve o objetivo de integrar os resultados dos projetos de monitoramento para potencializar os seus resultados. O Fórum foi aberto para o público em geral e, em especial, para as universidades e funcionários da empresa.
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Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS)
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O Instituto Biopesca é uma das instituições executoras do PMP-BS, uma atividade desenvolvida para o atendimento de condicionante do licenciamento ambiental federal das atividades da Petrobras de produção e escoamento de petróleo e gás natural na Bacia de Santos, conduzido pelo Ibama.
Esse projeto tem como objetivo avaliar os possíveis impactos das atividades de produção e escoamento de petróleo sobre as aves, tartarugas e mamíferos marinhos, por meio do monitoramento das praias e do atendimento veterinário aos animais vivos e necropsia dos animais encontrados mortos. O projeto é realizado desde Laguna/SC até Saquarema/RJ, sendo dividido em 15 trechos. O Instituto Biopesca monitora o Trecho 8, compreendido entre Peruíbe e Praia Grande.
Para acionar o serviço de resgate de mamíferos, tartarugas e aves marinhas, vivos debilitados ou mortos, entre em contato pelos telefones 0800 642 3341 (horário comercial) ou (13) 99601-2570 (WhatsApp e chamada a cobrar).
Para mais informações, acesse www.comunicabaciadesantos.com.br.
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O Instituto Biopesca é uma associação sem fins lucrativos fundada em 1998 no município de Praia Grande, litoral de São Paulo. A entidade tem como missão promover a conservação de espécies marinhas ameaçadas de extinção, a partir de pesquisas, apoio a atividades acadêmicas e ações de educação ambiental.
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Expediente:
A newsletter é produzida pelo setor de Comunicação do Instituto Biopesca.
Textos e Edição: Maria Carolina Ramos – MtB 23.883. Imagens: Instituto Biopesca.
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